A mini-folha apresenta a vegetação típica do manguezal, destacando, também, espécies de aves e de crustáceos que vivem de forma harmônica nesse ambiente. Em segundo plano, encontram-se as estruturas vegetais projetadas sobre o lodo, como o conglomerado de raízes, dando uma idéia de profundidade ao conjunto, no qual as cores foram estrategicamente posicionadas, proporcionando luminosidade, harmonia e movimento. Foi utilizada a técnica de aquarela, tratada por computação gráfica.
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ESPÉCIES DE AVES
1 e 3 - Guará (Eudocimus ruber)
2 e 9 - Garça-moura (Ardea cocoi)
4 - Curutié (Certhiaxis cinnamomeus)
5 - Garça-branca-grande (Ardea alba)
6 - Pernilongo-de-costas-brancas (Himantopus melanurus)
7 - Savacu (Nycticorax nycticorax)
8 - Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus)
10 e 12 - Garça-azul (Egretta caerulea)
11 - Saracura-do-mangue (Aramides mangle)
13 - Colhereiro (Platalea ajaja)
Série América 2004: Preservação dos Manguezaise Zonas de Maré
As zonas de maré são, periodicamente, submersas e descobertas, sendo ocupadas por vegetação que nas regiões tropicais são denominadas de mangue. A localização dos manguezais é restrita à faixa entre marés, situada entre os extremos mais alto e mais baixo da maré, constituindo-se em verdadeiros pontos de ligação entre o ambiente marinho, fluvial e terrestre.
O manguezal é um tipo singular de vegetação litorânea, que coloniza as áreas costeiras onde ocorre o encontro das águas do rio e do mar, promovendo a mistura de sais e sedimentos. O solo é lodoso, e durante a maré alta o mangue mostra-se alagado. Na maré baixa, exibe uma lama fina, rica em raízes trançadas. Devido à grande quantidade de matéria orgânica e por ser uma região abrigada de embate das ondas, o mangue é escolhido por muitas espécies de crustáceos e de outros organismos (dulcícolas, marinhos, estuarinos e terrestres) como local de desova, crescimento e alimentação.
O Brasil tem uma das maiores extensões de mangue do mundo: desde o cabo Orange no Amapá até o município de Laguna em Santa Catarina. Hoje em dia, o manguezal ocupa uma superfície total de mais de 10.000 km² , a grande maioria na Costa Norte. O Estado de São Paulo tem mais de 240 km² de mangue
Ao contrário de outros ecossistemas, os manguezais não são muito ricos em variedade de espécies, porém, destacam-se pela abundância das populações que neles vivem e, por isso, são considerados um dos mais produtivos ambientes naturais do Brasil. Além de fornecer uma vasta fonte de alimentação protéica para a população litorânea brasileira, contribuem para a subsistência dessa população, pela possibilidade de pesca artesanal de peixes, camarões, caranguejos e moluscos.
No passado, a extensão dos manguezais brasileiros era muito maior. Muitos portos, indústrias, loteamentos e rodovias costeiras foram desenvolvidos em áreas de mangue e a integridade ecológica das zonas de maré foi pressionada pelo crescimento dos grandes centros urbanos, pela especulação imobiliária sem planejamento, pela poluição e pelo enorme fluxo turístico. A ocupação predatória vem ocasionando a devastação das vegetações nativas, afetando diretamente os manguezais, colocando em perigo espécies animais e vegetais, além de destruir um importante ?filtro? das impurezas lançadas na água, as raízes das árvores dos mangues. Essa destruição gratuita é a grande inimiga dos manguezais que, aliada à expulsão das populações caiçaras (pescador ou caipira do litoral), está acabando com uma das culturas mais tradicionais e ricas do Brasil.
Esta emissão refere-se à Série América 2004, que tem como principal objetivo, desde 1989, integrar e divulgar as diferentes realidades do universo ecológico e sociocultural dos povos que integram a UPAEP - União Postal das Américas, Espanha e Portugal.
Os Correios do Brasil têm apoiado as ações desenvolvidas por órgãos e entidades ambientais, procurando, com as emissões de selo, conscientizar a comunidade para a importância de preservar o rico patrimônio ecológico nacional.
Mônica Maria Pereira Tognella De Rosa
Oceanógrafa, Professora e pesquisadora do CTTMar
(Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar) da UNIVALI (Universidade do Vale do Itajaí).