Agosto chegou ao fim e com ele a estação fria. Prova disso é o canto do pássaro mais melodioso que anuncia a primavera. Nesses últimos dias sou acordado em plena madrugada com o canto de um sabiá, já meu velho conhecido, que com seus acordes chama sua companheira para formarem um lindo casal. Em anos anteriores eles já nidificaram em uma árvore próxima a casa, nos brindando com três filhotes. Para muitas pessoas, o cantar da ave em plena 4 da manhã é um incômodo, mas para um apreciador de aves, seu canto é melódico e de forma alguma incomoda.
Essa ave que ocorre em praticamente todo o território nacional, ornamenta com sua plumagem marrom e peito alaranjado, nossas cidades e também as regiões interioranas. Talvez por ser tão cosmopolita, foi escolhida como a ave símbolo do estado de São Paulo e do Brasil. Observada em todos os períodos do ano, é, porém, nessa época do ano em que se torna mais ativa, pois em cerca de 15 a 20 dias ele procura ativamente uma parceira para acasalar e passa até fim de outubro cuidando dos filhotes, afinal, vida de pai de filhote não é fácil!
Essa ave nacional faz também parte das lendas do folclore, na qual os sabiás foram criados por uma deusa que transformou um rouxinol em uma ave que canta na madrugada. Quem sabe está aí nossa resposta do porque somos acordados com o canto do nosso brasileiro sabiá. O fato é que poucas aves são tão cantadas por nossos poetas e músicos. Quem não lembra do poema de Gonçalvez Dias: Canção do Exílio, que inicia falando da maravilha da flora e fauna do Brasil – Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá... ou a música famosa de Jair Rodrigues: “... em minha volta sinfonia de pardais, cantando para majestade o sabiá.” Mais recentemente foi retratado na logotipo para a copa das confederações de 2013 de futebol, dois símbolos da nação brasileira reunidos.
Assim, quando ouvir o sabiá cantar em plena madrugada, leve em conta que seu canto serviu de inspiração para elevar o espírito humano através da arte, cultura e esporte.