Mais um feriadão e parece que o clima resolveu mesmo colaborar com os aficcionados pela natureza. Diante de um tempo magnífico, resolvemos montar um roteiro diferente que proporcionasse novos locais para estarmos mais próximos das aves da nossa região. No domingo, o amigo Reni Santos gentilmente nos convidou para conhecermos o lar das Arapongas na cidade de Quatro Barras no caminho que leva à formação geológica do Anhangava.
Nos reunimos a ele e ao jovem passarinheiro Frederico Swarofsky que nos seus 12 anos já revela um talento e um amor incomum pela natureza e pelas aves. Guiados pelo Reni, Frederico e seu pai, o Mauro, fomos na direção do Campo de Asa Delta no Morro do Samabaia.
Logo na entrada, na estrada de terra que nos levaria ao nosso destino, paramos para admirar a manhã fria que se fazia em um milharal recém colhido, que foi escolhido por muitas espécies para servir de refúgio. E foi aí que começamos nossos registros. Um Tiziu chamava a atenção com seu canto, Tico-ticos saltavam em outro canto, bandos de Coleirinhos e Pintassilgos também estavam por ai. De repente, quase pisamos em uma Perdiz do campo que alçou voo sem dar chance de a registrarmos. O melhor registro entretanto, ficou por conta de uma Polícia-inglesa-do-sul que pousou próximo. Foram bons augurios e diante disso, surgiu a esperança de que seria hoje que daríamos de frente com a tão cobiçada Araponga que cantava ao longe.
Fomos adiante e a cada metro percorrido as aves faziam a festa cantando alto e atravessando nossa frente em voos rasantes que nos fazia parar. Foram excelentes registros nesse início onde surgiram os Irrés e outras espécies bem conhecidas. Fizemos amizade com dois representantes caninos que nos seguiam onde quer que fôssemos fazendo sempre a maior festa. Nosso intento ficava, porém, nas Arapongas que martelavam cada vez mais perto. Chegamos até mesmo a nos embrenhar na mata a procura das aves que não se mostravam diante da nossa presença. Avançando estrada a dentro, encontramos no alto de um pinheiro um ilustre morador da floresta: um Gavião-bombachinha que nos observava do alto e posou soberbo para registro. Nosso destino foi alcançado chegando ao Campo de Asa Delta e rodeado de árvores centenárias ouvíamos por todos os lados o canto das Arapongas que somente mostravam-se ao longe. Pelos martelares contamos pelo menos 4 indivíduos. Não foi dessa vez, infelizmente, que chegamos perto dessa bela espécie a ponto de fazermos uma bela foto mas ficamos felizes em saber que essa ave espetacular vive livre em seu habitat longe do bicho homem.
Ficamos um tempo Passarinhando na área e demos de cara com um Anambé-branco-de-rabo-preto e um Risadinha muito tranquilo que posou para as fotos. Em nosso retorno, tomamos o caminho que leva ao Morro do Anhagava e nele registramos a Saíra-lagarta e avistamos Tangarás, e também os Pula-pulas. O sol já ia alto quando decidimos retornar e para finalizar, um Carrapateiro jovem deu-nos o ar de sua graça. O lugar realmente promete muito mais surpresas. Vamos voltar assim que pudermos e agradecemos aos amigos Reni, Frederico e Mauro pela oportunidade de nos apresentar um lugar tão lindo e rico em diversidade.
Como na segunda-feira foi feriado, propusemos ao Walter Grube, nosso Grande Velho do Rio uma ida ao Parque Primavera na cidade de Almirante Tamandaré. O amigo de passarinhada Luciano Coelho havia falado muito bem da área e lançamos a idéia ao Walter. Este porém havia combinado uma andança pelos arredores do bairro onde mora com o novo amigo de passarinhada, o Sérgio. Um tempo depois, o Walter já havia convencido o Sérgio a juntar-se a nós na expedição ao Parque.
O lugar é um espaço de mata primária que guarda muitas espécies da flora e fauna. Na entrada em um campo de vegetação rasteira, ouvimos os cantos de Tizius, e também bandos de Coleirinhos, Tico-ticos, Pintassilgos e Bico-de-lacre. Foi uma ótima recepção! À beira do lago, em árvores baixas registramos aquele que segundo o Walter tratava-se de uma Elaenea ou seria um Tuque. Seguindo caminho beirando o lago, observamos um Martim-pescador-grande, Martim-pescador-verde e ao longe, no meio da mata, piava um Inhambuguaçu. Em um dos campos de futebol que muitas andorinhas pousaram e entre elas uma Andorinha-serradora. Nessa mesma área registramos um Pitiguari muito tranquilo e um Pia-cobra. Ao longe voou uma Maria-preta-de-penacho. Passarinhamos pela mata que cercava a área e o Walter encontrou dois Surucuá-variado machos e uma fonte de águas límpidas onde matamos a sede da caminhada. Perto daí, registramos um Bico-grosso pousado tranquilamente em uma árvore próxima.
Foram ótimos momentos e na volta ainda passamos no Tingui para tentar melhorar o registro da Mãe-da-lua, mas esta nos deu um baile novamente. O Sérgio aproveitou o momento para registrar o casal de Bentevizinho-de-penacho-vermelho e também o Biguatinga assim como nós, que melhoramos os nossos registros.