Patos, gansos e marrecos vivem em ambientes aquáticos ao redor de todo o mundo, exceto na Antártica; porém, poucas espécies vivem nos oceanos. A maioria das espécies brasileiras vive em áreas lacustres, especialmente na região Sul, enquanto outras ocorrem dispersas pelo interior do país, nas margens de rios, pantanais ou banhados. Umas poucas espécies, como o pato-do-mato, o capororoca e o cisne-de-pescoço-preto, visitam os estuários dos rios na orla marítima. A escassez de espécies nos rios da Bacia Amazônica, comparativamente a outras regiões do país, talvez seja consequência da grande quantidade de peixes predadores de grande porte ou até da maciça presença de piranhas em certos locais. Grandes voadoras, muitas espécies migram sazonalmente de acordo com a oferta de alimento em determinado local, por vezes reunindo-se em arrozais e em outras culturas por todo o país. Muitas espécies de marrecas apresentam uma muda em bloco, ou seja, perdem as penas primárias e secundárias das asas a um só tempo, perdendo assim a capacidade de voar até que a regeneração das penas perdidas se complete. Em certos locais do Nordeste, essas espécies aproveitam esse período para se reproduzirem e, assim, desprovidas de sua capacidade de voar, são capturadas por todos os meios pela população local. Usualmente constroem ninhos em forma de plataforma no solo, ficando ocultos pela vegetação dos arredores. Uns são construídos próximos d'água e outros, como os do irerê, em capinzais secos, longe d'água. Muitas espécies nidificam em ocos e cavidades em árvores e troncos secos nas margens dos rios. Uma espécie em particular, amarreca-de-cabeça-preta, curiosamente, deposita seus ovos no ninho de outras aves de grande porte, tais como nos das carquejas Fulica sp., no ninho de outras espécies de anatídeos e até no ninho de grandes aves de rapina, sobre árvores altaneiras. Possuem dieta onívora, predominantemente vegetariana em determinadas épocas do ano, ou a complementam com grãos, sementes e matéria animal em outras ocasiões. Apresentam bicos com lamelas filtradoras, utilizadas para filtrar o plâncton que se desenvolve em profusão em águas lênticas. Muitas marrecas apresentam no espelho das asas, marcas coloridas brilhantes ou brancas, notáveis em voo. São aves muito perseguidas por caçadores, especialmente na região Sul. O pato-mergulhão, único representante do gêneroMergus da América do Sul, encontra-se ameaçado de extinção, devido à construção de barragens hidrelétricas em seu biótopo, nos rios encachoeirados do Brasil Central. Atualmente, muitos autores dividem essa família em três subfamília distintas: os Dendrocygninae, os Anserinae e os Anatinae.
Asa-branca - Dendrocygna autumnalis
Capororoca - Coscoroba coscoroba
Cisne-de-pescoço-preto - Cygnus melancoryphus
Irerê - Dendrocygna viduata
Marreca-caneleira - Dendrocygna bicolor
Marreca-cricri - Anas versicolor
Marreca-parda - Anas georgica
Marreca-pardinha - Anas flavirostris
Marreca-pé-na-bunda - Oxyura vittata
Marreca-toicinho - Anas bahamensis
Marrecão - Netta peposaca
Pato-corredor - Neochen jubata
Pato-de-crista - Sarkidiornis sylvicola
Pato-do-mato - Cairina moschata
Paturi-preta - Netta erythrophthalma
Pé-vermelho - Amazonetta brasiliensis